sexta-feira, 12 de setembro de 2008

PARECE, MAS NÃO É: COMO IDENTIFICAR O FALSO SUSTENTÁVEL?


Resenha

Baseada no livro:

ASHLEY,  Patrícia  Almeida(coordenação). 
Ética e responsabilidade social nos negócios.
São Paulo: Saraiva,2002.

Resenha dos capítulos 1 ao 3, até a página 47

Nestes três primeiros capítulos, a autora conceitua Responsabilidade Social, traz uma abordagem histórica sobre o tema, inclusive com uma perspectiva futura, e apresenta a empresa como uma rede de relacionamentos desta com indivíduos, grupos, organizações, com as quais interagem denominados stakeholders.

O conceito ainda está em construção, no século XIX, Responsabilidade Social era prerrogativa do Estado ou Monarquia, que concediam benefícios àqueles que agiam com alguma responsabilidade. Depois da Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, o mundo empresarial priorizou a maximização dos lucros a qualquer custo, um verdadeiro capitalismo “selvagem”, a filantropia somente podia ser usada se trouxesse aumento nos resultados. Porém com o advento da globalização, a crescente tecnologia, a acirrada competição organizacional, Responsabilidade Social tornou-se um incremento de diferenciação neste mercado, sendo visto como fonte de aumento e potencialização dos lucros.

Oliveira (2007) confirma dizendo que hoje a sociedade é mais participativa, tem efetiva consciência de seus direitos e cobra uma postura mais responsável das empresas. Pois, para ele, Responsabilidade Social são práticas não só assistenciais, mas também que melhorem o meio ambiente e a comunidade. As empresas têm investido não somente em preço e qualidade dos produtos, mas agora em “confiabilidade, serviços de pós-venda, produtos ambientalmente corretos, relacionamento ético da empresa com seus consumidores, fornecedores e varejistas, além de práticas ligadas ao ambiente interno” ASHLEY (2002, p.5) e o Instituto Ethos (2007) define Responsabilidade Social como uma relação transparente entre a empresa com todos aqueles que com ela interagem com vistas ao “desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais” Instituto Ethos (2007) .

A autora define Responsabilidade Social como

o compromisso que a empresa tem com o desenvolvimento, bem-estar e melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas famílias e comunidade em geral. (...) Assim, numa visão expandida, responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. ASHLEY (2002, p.7)

Porém o tema é alvo de criticas quando analisado estritamente como economia de mercado e o investimento em Responsabilidade Social seria dispêndio, reduzindo a lucratividade dos sócios,segundo a autora; assim também Milton Friedmam diz que a única responsabilidade da empresa é para com os sócios, a fim de maximizar os lucros; (existindo instituições sem fins lucrativos, como igrejas, sindicato... para atuar com este fim); enquanto outros autores opinam que ser “socialmente responsável é um dos pilares do negócio, tão importante quanto qualidade, técnica, capacidade de inovação” ASHLEY (2002, p.8) . Keith Davis apud Ashley (2002) assegura que a empresa utiliza da sociedade para realização de suas atividades, então é justo que a empresa a retribua, pois Responsabilidade Social se direciona para vários setores como, acionistas, ambiente, funcionários, governo...

Corroborando, o Instituto Ethos afirma que as

empresas socialmente responsáveis são: agentes de nova cultura empresarial e de mudança social; produtoras de valor para todos – colaboradores, acionistas e comunidade; diferenciadas e de maior potencial de sucesso e longevidade ASHLEY (2002, p.11)

Interessante a autora levantar reflexão de o consumidor também necessitar ser responsável, comprando o que precisa e não o que quer, independente do consumismo pregado atualmente.

Como perspectiva futura é deixado como desafio pela autora:

- avaliação de desempenho: uma autocrítica da empresa baseado no desempenho das empresas proposto pelo Institute of Ethical and Social Accoutability;

- Responsabilidade Social: deixando o debate estar restrito à empresa, mas a discussão alcançar os indivíduos, o consumidor e a educação (em amplo sentido);

- e transparência organizacional: construindo relações de confiança, incentivando e adotando parcerias que agreguem valor, tomando decisões pautadas em questões ambientais, sociais e econômicas.

Os stakeholders têm objetivos individualistas, perfis culturais distintos quanto à Responsabilidade Social, como acionistas (objetivam maximização dos lucros, sendo que as contribuições devem ser feitas individualmente e não através da organização); Estado (preza pelo cumprimento das obrigações legais), comunidade (Responsabilidade Social com caráter assistencial); empregados (anseia que a empresa atraia e retenha funcionários e a empresa a vê como política de recursos humanos); fornecedores e compradores (que a empresa atenta para os praticantes da Responsabilidade Social), enfim, que a organização objetive o desenvolvimento sustentável, preservando o ambiente natural.

Fontes consultadas:

OLIVEIRA, Tiago M.; FORMENTINI, Márcia - Ética e Responsabilidade Social - Repensando a Comunicação Empresarial. Disponível em

http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/responsabilidadesocial/0189.pdf


PARECE, MAS NÃO É: COMO IDENTIFICAR O FALSO SUSTENTÁVEL?
 
 

A matéria, não assinada, oriunda do jornal “O Estado de S. Paulo”, de 04/09/2008, veio-nos ao conhecimento através do site: http://www.ethos.org.br/DesktopDefault.aspx?TabID=3715&Lang=pt-BR&Alias=Ethos&itemEvenID=4813

 
Resumo:
 O comportamento do empresário se distingue em duas formas, o ingênuo,
que tem a pretensão de contribuir para mudanças, mas não se informa
sobre o assunto e acaba por não fazer nada para modificar suas atitudes,
e o outro, que é aquele que assume um discurso de sustentabilidade, inves-
tindo em uma postura de marketing agressivo, mantendo os velhos padrões
de produção direcionados ao lucro dos acionistas, ou seja, uma imagem de
empresa verde e que continua a provocar impactos ambientais. Um exem-
plo é uma empresa financiar uma ONG com alguma atividade ambiental
para encobrir impactos ambientais, como desmatamento, poluição; afirma
Paulo Itacarambi,diretor executivo do Instituto Ethos.
No exterior o Greenwashing, prega o Apelo Verde como embalagens
mencionando o benefício ambiental de reciclagem não sendo mencio-
nado o custo de produção ou se a decomposição trará prejuízo à ca-
deia alimentar, ou seja, a consciência ambiental e a responsabilidade
social se interagem e ao mesmo tempo se dividem quando são dire-
cionadas aos empresários e acionistas que criam marketing para ma-
quiar seus impactos.

Análise crítica:

Os argumentos da matéria foram divergentes do constado no livro, contradizendo a temática lá apresentada, porque o artigo publicado tem uma visão clássica do assunto, priorizando vendas e resultado a qualquer custo, enganando, iludindo, ao consumidor com falsa idéia de ações praticadas com Responsabilidade Social, um verdadeiro capitalismo “selvagem”. Aproximando-se (as empresas do artigo) à postura de Friedmam que visava maximização de lucros, e até usava a filantropia como meio de aumentar seus resultados.

As atitudes destas firmas estão (dentre das abordagens apresentadas pela autora no livro), como “abordagem pré-convencional”, com orientações voltadas para si mesmo, buscando o auto-engrandecimento; enquanto que a autora defende a prática de Responsabilidade Social com ética e com compromisso.

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