quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Os novos papeis de empresas, sindicatos e trabalhadores diante das transformações no mundo do trabalho

RESENHA
Baseada no livro:
ASHLEY, Patrícia Almeida (coordenação). Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002.

Resenha dos capítulos 4 a 6, páginas 48 a 89

Estes três próximos capítulos discutem a visão de responsabilidade social associada às noções de ética (como valor moral) e cultura. E na era da globalização e do terceiro milênio, houve um aprimoramento imprescindível às organizações, que é a interação de diferentes culturas e permanecendo atuante no mercado. Estão atrelados os conceitos de responsabilidade social, ética, cultura e valor moral, pois não há como se praticar responsabilidade social sem ética, e vice-versa. As organizações precisam ater-se não só às responsabilidades econômicas e legais, mas também às morais, sociais e éticas
O Instituto Ethos (2007) diz: “A ética é a base da responsabilidade social, expressa nos princípios e valores adotados pela organização. Não há responsabilidade social sem ética nos negócios.” E afirma ainda com convicção.
A globalização traz-nos uma maior cobrança de padrões éticos, e exerce forte pressão social e econômica nas empresas, levando-as a constante auto-análise, que às vezes assumem funções tradicionais do Estado.
A visão da ética nos negócios atendo a valores morais, socialmente responsáveis, está se tornando hegemônica. Portanto, cabem às organizações as seguintes atitudes, segundo a autora:
- preocupação com atitudes éticas e moralmente corretas que afetam todos os públicos/stakeholders envolvidos (entendidos da maneira mais ampla possível);
- promoção de valores e comportamentos morais que respeitem os padrões universais de direitos humanos e de cidadania e participação na sociedade;
- respeito ao meio ambiente e contribuição para sua sustentabilidade em todo o mundo;
- maior envolvimento nas comunidades em que se insere a organização, contribuindo para o desenvolvimento econômico e humano dos indivíduos ou até atuando diretamente na área social, em parceria com governos ou isoladamente. (ASHEY, 2002)

Para entender responsabilidade social corporativa, é necessário compreender seu vínculo com a dimensão cultural na qual a empresa está inserida.A prática da responsabilidade social, associado à postura ética, terá valor quando incorporada à filosofia da empresa, sendo naturalmente assimilada como um fator importante em suas metas de apoio à sociedade.
A economia capitalista fundamentava-se no extrativismo radical sem precedentes. Agora, os recursos não renováveis encontram-se em estado de alerta, conduzindo a todos a repensarem o uso do ambiente; advindos da crise da modernidade, levando, desde as sociedades até as organizações, a debates que envolvem a matéria econômica associada ao meio ambiente.
Assim, ao planejar é necessário à empresa reiterar das políticas de gestão ambiental, pois tem limitações externas (legislação ambiental, os ambientalistas...) e internas (diminuição do consumo de material e energia, reciclagem, reaproveitamento...) e para as que anseiam participar no mercado externo é necessário o “selo verde” e ou o ISO14000, no sentido de real preservação do meio (como não emissão de poluentes).
O compromisso empresarial deve ir além dos interesses econômicos, pois a sociedade é capaz de perceber os interesses presentes nos bastidores das organizações. A empresa deve aplicar a responsabilidade social com naturalidade, ou seja, verdadeiramente compromissada com a busca de soluções dos problemas, em benefício da sociedade. Pelo Instituto Ethos, A prática demonstra que um programa de responsabilidade social só traz resultados positivos para a sociedade, e para a empresa, se for realizado de forma autêntica. Apenas para divulgar a empresa, não traz resultados positivos sustentáveis ao longo do tempo (INSTITUTO ETHOS 2007),.
Para que a empresa busque a prática de responsabilidade social, é necessário que ela defina claramente sua missão, colocando sempre a ética acima de tudo. Sabemos que a prática da responsabilidade social é imprescindível na agenda das empresas do século XXI.
A responsabilidade social fortalece a relação entre a empresa e a sociedade, valorizando o ser humano como responsável pelo desenvolvimento de ambas as partes.
O grande desafio do século XXI é conciliar lucro com: preocupações sociais, ambientais e éticas. http://www.ethos.org.br/DesktopDefault.aspx?TabID=3344&Alias=ethos&Lang=pt-BR, pesquisado em 15/05/07
A matéria foi postada em 17/09/2008, por Fonte: Fátima Cardoso/ Edição: Benjamin Gonçalves, no site http://www.ethos.org.br/DesktopDefault.aspx?TabID=3345&Lang=pt-B&Alias=Ethos&itemNotID=8924
Resumo:
Em realização do III Seminário Capital e Trabalho, Itacarambi (Ethos) destacou: “uma sociedade a caminho da sustentabilidade demanda produtos e serviços sustentáveis, cujos impactos econômicos sociais e ambientais sejam equilibrados”, necessitando desenvolver-se um mercado responsável, que eleve os direitos humanos associado ao desenvolvimento econômico.
Muçouçah (OIT) cita criação da agenda nacional do trabalho decente, pela geração de mais e melhores empregos, mencionando ser este um paradigma apontado para estratégias de ação frente à crise mundial de empregos.
Carlos Lupi acredita ser a qualificação dos trabalhadores com responsabilidade social o que dá sustentabilidade ao crescimento da economia; constatando avanços nas metas de criação de emprego, contudo dificuldades em estabelecer-se trabalho decente.
Pochmann (IPEA) relata indicadores de expansão econômica em relação ao déficit de postos de trabalho, revelando a necessidade de adequação dos empregos futuros a novos moldes, exigindo investimento em educação.
Brunini (Basf) encerra chamando atenção para o entendimento dos gestores às mudanças desta nova relação empresa-trabalhadores.


Análise Crítica:

A reportagem destaca pontos relevantes debatidos no III seminário Capital e Trabalho – compromisso estratégico para a sustentabilidade, relatando a necessidade de adaptação às transformações ocorridas nos últimos tempos, principalmente referente à relação empresa-trabalhadores, pelo entendimento da necessidade em se desenvolver uma responsabilidade social baseada em ética, acompanhada do desenvolvimento de um mercado responsável, para o atendimento das novas demandas.
Constata-se convergência entre a idéia do tema da reportagem com a do livro “Ética e Responsabilidade Social nos Negócios” de Patrícia Almeida Ashley, sustentando o argumento de que: “Hoje em dia as organizações precisam estar atentas não só as suas responsabilidades econômicas e legais, mas também as suas responsabilidades éticas, morais e sociais” (ASHEY, pag.50).
Encontra-se, ainda, submetido ao foco temático em questão, a preocupação em se definir a estruturação do conceito cultural da organização, proporcionando uma avaliação do seu papel na vida das pessoas.


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

PARECE, MAS NÃO É: COMO IDENTIFICAR O FALSO SUSTENTÁVEL?


Resenha

Baseada no livro:

ASHLEY,  Patrícia  Almeida(coordenação). 
Ética e responsabilidade social nos negócios.
São Paulo: Saraiva,2002.

Resenha dos capítulos 1 ao 3, até a página 47

Nestes três primeiros capítulos, a autora conceitua Responsabilidade Social, traz uma abordagem histórica sobre o tema, inclusive com uma perspectiva futura, e apresenta a empresa como uma rede de relacionamentos desta com indivíduos, grupos, organizações, com as quais interagem denominados stakeholders.

O conceito ainda está em construção, no século XIX, Responsabilidade Social era prerrogativa do Estado ou Monarquia, que concediam benefícios àqueles que agiam com alguma responsabilidade. Depois da Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, o mundo empresarial priorizou a maximização dos lucros a qualquer custo, um verdadeiro capitalismo “selvagem”, a filantropia somente podia ser usada se trouxesse aumento nos resultados. Porém com o advento da globalização, a crescente tecnologia, a acirrada competição organizacional, Responsabilidade Social tornou-se um incremento de diferenciação neste mercado, sendo visto como fonte de aumento e potencialização dos lucros.

Oliveira (2007) confirma dizendo que hoje a sociedade é mais participativa, tem efetiva consciência de seus direitos e cobra uma postura mais responsável das empresas. Pois, para ele, Responsabilidade Social são práticas não só assistenciais, mas também que melhorem o meio ambiente e a comunidade. As empresas têm investido não somente em preço e qualidade dos produtos, mas agora em “confiabilidade, serviços de pós-venda, produtos ambientalmente corretos, relacionamento ético da empresa com seus consumidores, fornecedores e varejistas, além de práticas ligadas ao ambiente interno” ASHLEY (2002, p.5) e o Instituto Ethos (2007) define Responsabilidade Social como uma relação transparente entre a empresa com todos aqueles que com ela interagem com vistas ao “desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais” Instituto Ethos (2007) .

A autora define Responsabilidade Social como

o compromisso que a empresa tem com o desenvolvimento, bem-estar e melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas famílias e comunidade em geral. (...) Assim, numa visão expandida, responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. ASHLEY (2002, p.7)

Porém o tema é alvo de criticas quando analisado estritamente como economia de mercado e o investimento em Responsabilidade Social seria dispêndio, reduzindo a lucratividade dos sócios,segundo a autora; assim também Milton Friedmam diz que a única responsabilidade da empresa é para com os sócios, a fim de maximizar os lucros; (existindo instituições sem fins lucrativos, como igrejas, sindicato... para atuar com este fim); enquanto outros autores opinam que ser “socialmente responsável é um dos pilares do negócio, tão importante quanto qualidade, técnica, capacidade de inovação” ASHLEY (2002, p.8) . Keith Davis apud Ashley (2002) assegura que a empresa utiliza da sociedade para realização de suas atividades, então é justo que a empresa a retribua, pois Responsabilidade Social se direciona para vários setores como, acionistas, ambiente, funcionários, governo...

Corroborando, o Instituto Ethos afirma que as

empresas socialmente responsáveis são: agentes de nova cultura empresarial e de mudança social; produtoras de valor para todos – colaboradores, acionistas e comunidade; diferenciadas e de maior potencial de sucesso e longevidade ASHLEY (2002, p.11)

Interessante a autora levantar reflexão de o consumidor também necessitar ser responsável, comprando o que precisa e não o que quer, independente do consumismo pregado atualmente.

Como perspectiva futura é deixado como desafio pela autora:

- avaliação de desempenho: uma autocrítica da empresa baseado no desempenho das empresas proposto pelo Institute of Ethical and Social Accoutability;

- Responsabilidade Social: deixando o debate estar restrito à empresa, mas a discussão alcançar os indivíduos, o consumidor e a educação (em amplo sentido);

- e transparência organizacional: construindo relações de confiança, incentivando e adotando parcerias que agreguem valor, tomando decisões pautadas em questões ambientais, sociais e econômicas.

Os stakeholders têm objetivos individualistas, perfis culturais distintos quanto à Responsabilidade Social, como acionistas (objetivam maximização dos lucros, sendo que as contribuições devem ser feitas individualmente e não através da organização); Estado (preza pelo cumprimento das obrigações legais), comunidade (Responsabilidade Social com caráter assistencial); empregados (anseia que a empresa atraia e retenha funcionários e a empresa a vê como política de recursos humanos); fornecedores e compradores (que a empresa atenta para os praticantes da Responsabilidade Social), enfim, que a organização objetive o desenvolvimento sustentável, preservando o ambiente natural.

Fontes consultadas:

OLIVEIRA, Tiago M.; FORMENTINI, Márcia - Ética e Responsabilidade Social - Repensando a Comunicação Empresarial. Disponível em

http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/responsabilidadesocial/0189.pdf


PARECE, MAS NÃO É: COMO IDENTIFICAR O FALSO SUSTENTÁVEL?
 
 

A matéria, não assinada, oriunda do jornal “O Estado de S. Paulo”, de 04/09/2008, veio-nos ao conhecimento através do site: http://www.ethos.org.br/DesktopDefault.aspx?TabID=3715&Lang=pt-BR&Alias=Ethos&itemEvenID=4813

 
Resumo:
 O comportamento do empresário se distingue em duas formas, o ingênuo,
que tem a pretensão de contribuir para mudanças, mas não se informa
sobre o assunto e acaba por não fazer nada para modificar suas atitudes,
e o outro, que é aquele que assume um discurso de sustentabilidade, inves-
tindo em uma postura de marketing agressivo, mantendo os velhos padrões
de produção direcionados ao lucro dos acionistas, ou seja, uma imagem de
empresa verde e que continua a provocar impactos ambientais. Um exem-
plo é uma empresa financiar uma ONG com alguma atividade ambiental
para encobrir impactos ambientais, como desmatamento, poluição; afirma
Paulo Itacarambi,diretor executivo do Instituto Ethos.
No exterior o Greenwashing, prega o Apelo Verde como embalagens
mencionando o benefício ambiental de reciclagem não sendo mencio-
nado o custo de produção ou se a decomposição trará prejuízo à ca-
deia alimentar, ou seja, a consciência ambiental e a responsabilidade
social se interagem e ao mesmo tempo se dividem quando são dire-
cionadas aos empresários e acionistas que criam marketing para ma-
quiar seus impactos.

Análise crítica:

Os argumentos da matéria foram divergentes do constado no livro, contradizendo a temática lá apresentada, porque o artigo publicado tem uma visão clássica do assunto, priorizando vendas e resultado a qualquer custo, enganando, iludindo, ao consumidor com falsa idéia de ações praticadas com Responsabilidade Social, um verdadeiro capitalismo “selvagem”. Aproximando-se (as empresas do artigo) à postura de Friedmam que visava maximização de lucros, e até usava a filantropia como meio de aumentar seus resultados.

As atitudes destas firmas estão (dentre das abordagens apresentadas pela autora no livro), como “abordagem pré-convencional”, com orientações voltadas para si mesmo, buscando o auto-engrandecimento; enquanto que a autora defende a prática de Responsabilidade Social com ética e com compromisso.